Primeiras Impressões | Resident Evil 7

Os fãs pediram e a Capcom cumpriu – Resident Evil regressou às raízes. E não foi um simples regresso – estamos perante a maior reinvenção que a série já recebeu em 20 anos de existência. Para trás ficam os ângulos fixos, o sistema de cooperação e a aposta na ação. O futuro da série está agora na primeira pessoa.

Resident Evil 7: Biohazard (título que eu espero que não seja final) marcou presença na conferência da Sony e confirmou as mudanças prometidas pela Capcom. Assumiu-se como uma lufada de ar fresco e como o tão aguardado regresso às raízes, mas foi mais longe, arriscou e transformou-se; ganhou uma nova identidade. Depois de ter experimentado a demo, que nos chegou através do mesmo modelo utilizado em P.T. (Konami), posso concluir que Resident Evil tem novamente futuro no género de terror – para o bem e para o mal.

A demonstração coloca-nos numa casa abandona, algures nas zonas rurais dos Estados Unidos da América. Estamos sozinhos, confusos com o meio que nos rodeia e incertos com os perigos que nos esperam. O começo é sólido ao conseguir criar um mistério forte e uma atmosfera ainda mais insegura e verdadeiramente assustadora. Só temos um único objetivo: escapar da casa em segurança.

resident-evil-7-biohazard-listing-thumb-01-ps4-eu-14jun16.png
“Venham pelo conhaque e fiquem pelos vírus mortíferos e possíveis aberrações biológicas” – descrição na página do Trivago.

Resident Evil 7 pode ter mudado a sua perspetiva, mas agarra-se a mecânicas que tornaram a série tão icónica. A exploração continua a ser um dos seus maiores focos, colocando-nos em busca de itens e concentrados na resolução de pequenos quebra-cabeças enquanto tentamos sobreviver ao inesperado. As ações são simples e até pouco surpreendentes se as colocarmos ao lado de títulos como Alien Isolation, mas como fã da série, revi um certo classicismo que me deixou mais esperançado. Apesar das mudanças, continua a ser um Resident Evil na sua base e nas suas raízes.

Mas este é um ponto de viragem. Um verdadeiro recomeçar para uma série fortemente criticada e menosprezada pelos jogadores e críticos durante os últimos anos. As mudanças não se ficam pela escolha da nova perspetiva, Resident Evil 7 parece ser um monstro totalmente diferente dos títulos anteriores. E é. Apesar de reconhecer e admirar algumas das suas mecânicas, o título aproxima-se mais de Outlast e Amnesia: The Dark Descent na sua apresentação visual, direção artística e banda sonora. O ritmo lento e tenso, a falta de armas, a presença de um inimigo (ou de figuras fantasmagóricas) que não somos capazes de derrotar e a utilização de uma câmara de filmar – todos estes elementos funcionam como déjà-vu e complementam a vertente “best of” não intencional que a demonstração me transmitiu durante os 20-30 minutos de duração.

anuwjdneskxryzlxhhrt
Zombies, fantasmas, delírios psicológicos ou deceção – quem será o grande vilão de Resident Evil 7?

Se ultrapassarmos o choque inicial que as mudanças nos proporcionam, conseguimos reconhecer que não existe um grande fio condutor entre as escolhas visuais e sonoras, e rapidamente nos apercebemos que não existem verdadeiras surpresas. Resident Evil 7 só é inovador porque tenta não ser um Resident Evil. E apesar de louvar a coragem da Capcom, quero ver mais. A demonstração falha ao mostrar-nos o futuro do género e como as mudanças poderão afetar verdadeiramente a série. A nova perspetiva e algumas mecânicas clássicas poderão não ser suficientes para Resident Evil 7 conquistar um lugar de destaque na indústria.

Por agora, não temos mortos-vivos ou monstruosidades biologicamente alteradas. Temos tensão, mistério e um toque muito subtil de paranormal. A demonstração é deliciosamente misteriosa e eu adoro isso. Apesar das minhas críticas, estou curioso – mesmo muito curioso.

A Capcom já confirmou que os acontecimentos da demonstração não estarão presentes na campanha final e eu concordo com a decisão. Não precisamos de história por agora, mas sim compreender as mecânicas e o ambiente do novo jogo. Nesse ponto, Resident Evil 7 está no bom caminho, recuperou o interesse e a frescura da série – uma missão que parecia ser quase impossível. Como fã acérrimo, vejo-me a gostar e a respeitar Resident Evil 7, mas preciso de mais e de melhor. Preciso de uma verdadeira identidade e de inovação. O que eu não quero é uma imitação da imitação.

13415530_1182087078478844_7844782142754759985_o.0
Só esta porta é mais assustadora que o Resident Evil 6.

 

Se as promessas forem cumpridas, Resident Evil tem tudo para recuperar o seu estatuto. Agora que Resident Evil 7 se assumiu como um novo recomeço, é continuar em frente. A demonstração apresentada revela o quanto a Capcom está preparada para inovar, sem quaisquer medos (pelo menos por agora). Mas inovação não é imitação, e é esse o meu maior problema com a demo. Será Resident Evil 7 capaz de competir com Outlast 2, Routine ou outro titulo qualquer de terror na primeira pessoa? A resposta será dada em janeiro do próximo ano.

E caso esta nova aposta falhe redondamente, temos sempre Resident Evil 2 Remake. Certo?

Deixe um comentário