Não sou novata nos jogos, mas nunca tinha comprado um season pass. Sou defensora do formato físico (fui eu que escrevi sobre os manuais, lembram-se?) e ainda me faz confusão comprar seja o que for com um código e um download.
Ainda assim, e graças a uma espetacular prenda de aniversário da restante equipa do Glitch, dei por mim prestes a perder a virgindade nestas coisas: tinha um código que me dava acesso ao primeiro season pass da minha vida, o do Fallout 4.
Não é preciso dizer o que sinto pela série, nem tão pouco confirmar que o mais provável era que comprasse os DLC (prevendo que o passado se repetisse e eu os adorasse tanto como os do Fallout 3 e New Vegas) mas a verdade é que dificilmente ia comprar JÁ o season pass. Correndo o risco de parecer pobre e mal-agradecida, para mim, é complicado interiorizar a ideia de que é normal pagar por algo sem antes sequer saber o que vai incluir e faz-me confusão que a indústria tenha chegado a um ponto em que, na verdade, quase se vende ar (ou se paga por sonhos).
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No caso do Fallout 4, esta situação é demasiado premente: há um jogo lançado, há um season pass disponível para compra, mas zero informação sobre o que poderá ser o conteúdo adicional que a Bethesda vai lançar. E zero é mesmo zero: não há tema, data, detalhes, direção narrativa, nicles. E, mesmo assim, ainda nem o jogo tinha chegado às lojas e já se falava em season pass.
Sou do tempo em que se compravam DLC em formato físico (cheguei a jogar o Fallout 3 na Xbox e tenho um disco para provar cada uma das compras adicionais) e em que existiam descrições pormenorizadas do que se iria comprar. Em que era preciso convencer os jogadores, apaixoná-los. Perdeu-se a sedução, numa estratégia que agora dispensa trocas de olhares, apresentações inteligentes ou sorrisos indiscretos. A indústria está à espera que os jogadores consumam sem contestar, melhor, sem exigir.
![](https://freethecurls.wordpress.com/wp-content/uploads/2016/01/79b7c-screenshot4.jpg?w=1280&h=720)
Encurtando a história, o processo de compra foi tão mirabolante como a ideia de um season pass que não se sabe o que vai incluir e para o qual ainda não há conteúdo: coloca-se um código, faz-se uma compra e pronto, já está. Quase falta a mensagem a dizer “pronto, caro fã, agora espera pelas migalhas que a Bethesda te há-de dar”. “O quê? Não gostas do que preparámos para ti? Paciência”.
Pontos positivos? A prenda foi das melhores que já recebi (há poucos amigos como estes e até tive direito a encontrar a prenda em cima de uma sanita – ver referência da imagem em cima) e ainda tive direito a um tema do jogo para a PS4.
O pior de tudo? Acabo de escrever este artigo e apercebo-me que o season pass foi uma das prendas que pedi ao “Pai Natal do Glitch” – também fui apanhada na banhada da indústria e da Bethesda, salvem-me, por favor.